terça-feira, 22 de novembro de 2011

Harmonizações Nacionais


Bamberg Munchen com Feijão Tropeiro

O interior de São Paulo, Votorantim encara os viajantes mineiros e seu prato de sustento!
Munich Dunkel é um estilo de cerveja da Escola Alemâ, inserido no grupo das Dark lagers. Essas cervejas mostram um destacado sabor de malte, com notas de caramelo, café, chocolate, etc. Mas a representante da Cervejaria Bamberg também apresenta um defumado muito interessante. Ao contrário do que parece, a Dunkel não é enjoativa nem pesada. Quase não há notas de lúpulo e o amargor é apenas suficiente para balancear o malte.

Feijão Tropeiro, prato tradicional de Minas Gerais,  tem história diretamente ligada aos tropeiros, garimpeiros e toda sorte de aventureiros vindos de várias partes do Brasil em busca do ouro em Minas Gerais.

Entre o fim do século XII e o início do XVIII, as tropas que seguiam a caminho das minas de ouro, levavam consigo, além dos bois e mulas que puxavam as carroças, mantimentos capazes de serem conservados, como toucinho, farinha de mandioca, açúcar, feijão, milho e carne-seca. Não havia lugares ou vilas onde podiam se alimentar durante o trajeto, por isso, comiam então, basicamente, feijão cozido junto com a carne-seca e depois misturado com a farinha de mandioca.

Essa é a origem do Feijão Tropeiro, um prato delicioso e extremamente nutritivo, justamente o que os viajantes precisavam. Até hoje, para o povo, segundo Câmara Cascudo, “uma refeição sem feijão é simples ato de enganar a fome.” Feijão e farinha foram e são até hoje elementos dominantes da gastronomia popular, típica comida de trabalhador braçal. Com o passar do tempo, os ingredientes foram adaptados, com a carne-seca dando lugar a famosa lingüiça, muito mais comum em Minas Gerais, e com a adição dos ovos.



Feijão Tropeiro:

10 porções.

·         500g de feijão-carioca ou roxinho
·         200g de toucinho ou bacon defumado
·         5 ovos
·         8 linguiças
·         1 concha de gordura de porco ou óleo de canola ou milho
·         4 dentes de alho bem picados
·         1 cebola média em cubinhos
·         1 colher sopa de sal
·         200g de farinha de mandioca (aproximadamente)
·         Salsinha e Cebolinha picadas a gosto
·         Pimenta a gosto

O preparo do feijão tropeiro é muito peculiar. Alguns preferem fazer tudo na mesma panela e outros separar os ingredientes. Eu faço uma mescla, aconselho o confrade a pesquisar outras receitas também.

Coloque três porções de água para uma do feijão na panela de pressão e cozinhe-o por aproximadamente 20 minutos. Coe e reserve (para esse prato o feijão deve ficar mais durinho). Coloque as lingüiças para assar ou grelhar (elas podem ser fritas também junto com o toucinho, mas para isso teriam de ser cortada, eu particularmente não gosto). Em uma panela, frite o toucinho até ficar crocante, retire-o e reserve. Na mesma panela, utilizando a gordura do toucinho, frite os ovos e reserve (você pode optar por cozinhar os ovos também). Na gordura do toucinho, adicione a gordura de porco e doure o alho, a cebola e o sal. Adicione o feijão e refogue por cinco minutos. Vá acrescentando a farinha de mandioca até o ponto desejado, que deve ser mais soltinho. Fatie as lingüiças em rodelas.  Acerte os temperos. Adicione a salsa e cebola. Monte o prato com o feijão, o toucinho, os ovos e as linguicinhas. Sirva com arroz, couve refogada e vinagrete.

Para homenagear os antigos tropeiros, comi meu feijão direto da panela de ferro, onde ele foi preparado. Bem rústico!

A ligação com a Bamberg Munchen, conforme já dito, reside no fato dessa cerveja ter um caráter defumado e tostado muito presente, que conversa muito bem com a carne de porco da lingüiça e o defumado do toucinho. Além de um centro doce que faz um contraste legal com o salgado, mas que também se associa com o adocicado da carne. A acidez do vinagrete é muito bem acolhida pela cerveja. Os maltes torrados dessa cerveja fazem a diferença com esse prato.

Uma refeição deliciosa, para reunir os amigos ou a família e saborear um prato com muita tradição. Que tem muita história para contar.

Como um bom “mineirim”, coma com bastante calma, apreciando cada momento e conversando com os amigos presentes à mesa. Momentos como esse não são freqüentes na vida corrida a qual estamos habituados. Não os desperdice.



Saúde!

2 comentários:

  1. Olá João,
    Muito legal teu blog.
    Bons pratos combinados com ótimas
    cervejas.Acho harmonização uma tarefa
    nada fácil, e vc faz muito bem.

    Abraço.

    Flavio.

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  2. Fala Flávio!!!

    Obrigado pelos elogios, realmente harmonização é mais compexa do que parece. Mas o importante é se divertir e quando você atingir uma perfeita, saberá de imediato, pois nesse momento os olhos viram!

    hahahahah

    grande abraço

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