terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Rótulos Cervejeiros.


Hoje abordarei um tópico que considero de extrema importância para o cotidiano do consumidor de cervejas. Saber executar uma boa síntese das informações contidas no rótulo de um produto, neste caso, as cervejas. Esta já é uma prática comum nos apreciadores de vinhos e deve ser também incorporada pelos cervejeiros.
O primeiro ponto que chama a nossa atenção em um rótulo é o seu design gráfico, geralmente é com ele que os produtores se preocupam mais, por todo seu apelo visual e poder de marketing, buscando causar um impacto maior no público. Todavia, do nosso lado, é o ponto de menor preocupação, o que nos importa são as outras informações, as que dizem respeito ao que está dentro do recipiente. Estas geralmente escritas numa fonte pequena, como se não fossem requisitadas. As mais importantes são: Estilo, ingredientes, temperatura de consumo e fermentação.

Exemplos de estilos.
 O estilo geralmente aparece na parte frontal do rótulo e é mais destacado que os outros itens citados.
São através do conhecimento deste que o consumidor sabe o que pode encontrar naquelas cervejas, ao menos as qualidades intrínsecas que deveriam estar presentes. Aroma, coloração, paladar e outros fatores são componentes que devem ser levados em conta pelos produtores para incluírem sua cerveja em determinado estilo, logo o degustador pode reclamá-los quando está bebendo. Exemplos de estilos são: Pilsen, Bock, Weizen, Schwarzbier, etc...

Exemplo completo de cerveja feita sob a Lei.


Os ingredientes são o item mais importante, e para discorrer sobre eles, terei de citar a Lei de Pureza da Cerveja, instituída pelo Duque Guilherme IV da Baviera em 23 de abril de 1516: a Reinheitsgebot. Esta proclamava que a cerveja “pura” deveria conter apenas: Água, malte e lúpulo inicialmente, depois entrou també o levedo ou fermento . Os mestres-cervejeiros alemães até hoje seguem esta lei estritamente, não há cerveja proveniente de lá que contenha mais ou menos ingredientes.






Outras escolas, como a Belga e a Americana, por exemplo,  ousaram um pouco mais, mas sempre buscando a autenticidade, criando novos sabores para suas cervejas, com a utilização e adição de outros ingredientes naturais como: Frutas, especiarias, chocolates, café, produtos étnicos e nativos, etc.



A Colorado é um exemplo da utilização de ingredientes naturais, como café, rapadura, mel e mandioca.
Infelizmente em outros lugares, a adição de novos ingredientes se deu com a intenção de baratear o custo da produção, prejudicando assim a qualidade final da cerveja, são eles: Cereais  não maltados (arroz, milho), Carboidratos (açúcar), aditivos químicos (ex: antioxidante ins 316, estabilizante ins 405, corantes), etc. Estes, quando adicionados de forma exagerada, interferem de forma negativa no resultado final. Claro que toda regra tem sua exceção, existem cervejas belgas por exemplo que levam milho ou açúcar puro em sua composição, mas novamente com outra mentalidade e objetivo,  criar um produto de identidade e qualidade única.
Exemplos de aditivos.

Seguindo a Lei.

A temperatura de consumo serve para nos indicar onde, na opinião do Mestre Cervejeiro, estaremos consumindo sua cerveja em todo seu esplendor, na temperatura indicada, possivelmente as qualidades do líquido sobressaíram com mais destaque, aquela história de cerveja estupidamente gelada é balela, serve apenas para mascarar os ingredientes ruins citados acima. Através desta informação também podemos tirar uma base, se aquela cerveja é mais indicada para clima frio ou quente, geralmente cervejas com temperatura mais baixa é mais leve e melhor apreciada no verão e vice-versa, porém esta informação deve ser comprovada com o teor alcoólico, sempre presente no rótulo. Existem cervejas com 11% de teor alcoólico recomendadas a serem degustadas até 4ºC.

A fermentação nem sempre vem designada nos rótulos, quando encontramos temos: Baixa fermentação ou alta fermentação.

A baixa fermentação nos remete a cervejas da “família” lager,  enquanto as de alta fermentação, às Ale.
São estas as duas grandes famílias do mundo cervejeiro(porém não as únicas), e nelas se filiam os diversos estilos que compõe a extensa beleza desse mundo. É mais ou menos como na biologia: temos o Reino Animal, o Vegetal e outros, do Animal saem os filos Anfíbios e Mamíferos e do Vegetal as Gimnospermas e Angiospermas. É como se  Lager e Ale fossem os Reinos e os estilos os filos, que ainda terão mais sub-divisões.


Em alguns rótulos temos ainda sugestões de harmonização de um prato para ser consumido junto com a cerveja.

Cerveja é bom acompanhamento para doces também!
Espero ter ajudado o confrade a investir melhor o seu dinheiro na sua próxima aquisição cervejeira, adquiram a prática de ler os rótulos, não irão se arrepender!


5 comentários:

  1. na verdade queria dizer que este foi um belo post, tinha clicado no errado.

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  2. Olha João, um post super didático
    muito bom,
    parabéns
    abração

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  3. Excelentes orientações João.
    É isso aí. Parabéns.

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  4. Muito Bom esse post.. sempre tive essas duvidas... vejo que voce entende do que fala, graças a ti.. poderei apreciar e conhecer melhor o nectar dourado dos Deuses que tanto amo.
    Abraços

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